22 maio, 2009

Salve a inflação brasileira!

"Em casa que tem inflação 
todos brigam e ninguém tem razão."

(provérbio modificado)

A verdade é que tratamos mal a inflação. No pressuposto de que ela é a causa de todos os nossos males, inclusive os que vivem malocados, e lhe descemos a ripa sem contemplação. A inflação enquanto bode expiatório. Enquanto isso, na escolha do atual sumo bode da expiação, os brasileiros estamos de novo sendo incompetentes. Em não reparando na grossa blindagem dele. E quanto mais lanhamos o bode, mais ele come das nossa hortaliças. A ponto de nos esquecermos até da velha saúva de guerra. A saúva, quem diria?
Volta e meia, os economistas trancafiam a inflação num secreto porão do Planalto. E tome pancada, choque, pau-de-arara, leito de Procusto (ou será de pró-custo?) ao som de umas horríveis lambadas do Pará. Finda a sessão, em que estado pensam vocês se achar a inflação? Estropiada, com um dígito a menos? Caindo pelas tablitas? Nada disso. Ela se encontra tinindo nos cascos, se como a houvessem tratado a pó do guaraná (legítimo). Numa palavra, rejuvenescida. Em condições de enfrentar o senhor ministro da Fazenda e do Brinquedo.
O senhor ministro da Fazenda e do Brinquedo, que já tem caçado muito urso no invernadouro, tem lá sua estratégia. Põe a inflação a hibernar. Mas, é bom que se recapitule aqui a fisiologia de um ser que hiberna. Primeiro, ele come feito um danado para estocar gordura. Segundo, hiberna. Terceiro, ele desperta com uma fome descomunal. Fome ortodoxa, saiam da frente se isto for possível. E, o que é pior, pega o país bem no rigor da entressafra.

Para ler a crônica toda acesse o Preblog. Em 1987, quando ela foi escrita, o Ministro de Estado da Fazenda era o senhor Dilson Funaro, um empresário do ramo dos brinquedos (Fábrica Trol). Publicada no JAMB e no DN Cultura, a crônica passa agora para a blogosfera na companhia de um bode mal-humorado e sem barbicha.

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