03 dezembro, 2009

O bingo das pedras frias

Os três comparsas estavam reunidos na casa de pasto do Bucho de Lama. Os três eram Armandinho, Honorato e Claudionor, figuras por demais conhecidas no bairro pelas peças que viviam aprontando. E Bucho de Lama , que com eles parolava, acabara de lhes dar o sinal verde. Na noite de sexta, o grupo pudesse contar com as dependências do restaurante para o evento. Eles não se afastassem, porém, daquilo que tinha sido esquematizado num guardanapo de papel, ali no balcão.
Com um balcão, onze ou doze mesas de fórmica com as respectivas cadeiras, o restaurante nos últimos tempos vinha se despovoando. E, nos fins de semana, oh, dor maior! Ao se constatar que a frequência no mesmo não passava de uns gatos pingados bebericando no balcão, algum grupo em torno de um violão na mesa embaixo da castanholeira... ("Peraí", restaurante ao ar livre na periferia desta cidade sem um pé de castanhola não existe.) E todos bebendo, bebendo, mas indiferentes aos odores da mão-de-vaca que fervilhava num panelão da cozinha.
O plano consistia do seguinte: os três organizariam o bingo de um peru assado, ficando eles com a renda dos cartões vendidos. E Bucho de Lama, com a renda - que se antevia considerável - das bebidas, dos tira-gostos... Mas, porque o chamassem à cozinha, o proprietário não ouviu o resto da conversa. O capítulo em que os cupinchas planejaram: 1) furtar o peru (comprá-lo, estreitaria bastante a margem de lucro); 2) fraudar o bingo (para que a papação da ave fosse feita por eles, naturalmente). E, daí, a dúvida histórica: acaso tivesse tomado conhecimento de tais nefandas intenções, o velho Bucho teria ainda cedido a casa para a promoção? Seja como for, estás dispensado da peruação, leitor.

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