01 julho, 2011

Dr. Asdrúbal, o cliente e o amigo do cliente

Um adolescente - que marcara consulta pedindo urgência - estava sendo atendido pelo Dr. Asdrúbal. E o médico já intrigado porque, naqueles minutos iniciais da consulta, o rapaz se mostrava ora reticente, ora evasivo, o que dá no mesmo.
Com que, então, alguém toma o tempo de um profissional para um assunto de nonada? Pois nada até ali deixava a entrever que o rapaz tivesse algum problema importante.
Do cimo de sua experiência, Dr. Asdrúbal não podia ser requisitados para banalidades, achaques mínimos e pseudo-doenças. Tão-somente quando houvesse a evidência de uma enfermidade com substrato orgânico... aí, sim, é que seu atendimento faria sentido. O mundo inteiro reconhecia a sua competência. Fora ele o inventor da consulta campal e do sacolão da medicina, instrumentos de democratização da saúde. No sacolão, por exemplo, gastando o mesmo dinheiro, o cliente podia tirar uma unha encravada ou tomar um clister.
Aquele rapaz, no máximo, estava na parte desfavorável do biorritmo, só isso. Era levar em consideração o que dizia o aforismo primum non nocere e mandá-lo para casa. Ou, quando muito, pedir alguns exames como check-up (e como desencargo de consciência), já antevendo os mais inocentes resultados para eles.
Nisso, o rapaz falou:
- Doutor, eu sei que o senhor não receita a quem não está presente. Mas, eu tenho um amigo que acha que está com uma doença venérea...
Não precisou se alongar. Pois, interrompendo-o, o arguto Dr. Asdrúbal já foi lhe dizendo:
- Então, abra a sua braguilha e mostre o seu amigo para que eu possa medicá-lo.
Tirocínio clínico é isso aí.

Ler também...
Dr. Asdrúbal e a Morte.

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