04 agosto, 2013

Ascensão

Ascenso tinha quase 2 metros de altura, usava um chapéu de palha na cabeça, adorava comer e fumava sempre um grande charuto. Um de seus amigos lembrava que, certa tarde, depois de tomar banho no rio Passarinho, o guloso poeta almoçou três pratos fundos de sarapatel, com farinha de mandioca e pimenta malagueta, bebeu um litro de aguardente com mel de abelha, e, de sobremesa, ainda comeu a metade de uma jaca mole. Quando chegou a casa, à noite, disse à esposa que estava sem fome e que, por isso, se contentava com um prato de pirão de leite e um pedaço de carne de sol.
Sobre o poeta, Manuel Bandeira escrevia:
"Ascenso Ferreira tem uma estatura gigantesca, que, a princípio, assusta. No entanto, basta ele abrir a boca, para dissipar todos os terrores: é um sentimentalão, e sentimentalmente compreendeu e cantou o drama doloroso do matuto a quem ama [...] Os seus poemas são verdadeiras rapsódias nordestinas, onde se espelhou fielmente a alma ora brincalhona, ora pungentemente nostálgica das populações dos engenhos."
Por sua vez, Luís da Câmara Cascudo ressaltava:
“Ascenso Ferreira, Ascensão, Ascenso Grandão, voz grossa de sapanta-boiada, chapelão imenso de carro de bois no alto do metro e noventa de estatura, coroando mais de cem quilos bem pesados.”

(extraído do artigo Ascenso Ferreira, de Semira Adler, pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco)

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