18 novembro, 2013

O sonho de Asimov

Um par de meses atrás eu tive um sonho que eu lembro com a maior clareza.
(Eu normalmente não recordo meus sonhos.)
Eu sonhei que eu tinha morrido e ido para o Céu.
Eu olhei e sabia onde eu estava - verdes campos, nuvens felpudas, ar perfumado e o som distante e arrebatador de um coro celestial. E lá estava, na entrada, um anjo sorridente a me saudar.
Eu perguntei, com admiração:
"É aqui o Céu?"
"É", respondeu-me o anjo.
Então, questionei:
"Mas deve haver algum engano. Eu não devia estar aqui. Eu sou um ateu!"
(Ao acordar e lembrar-me disso, eu fiquei orgulhoso da minha integridade.)
"Nenhum erro", disse o anjo.
"Mas, sendo um ateu, como eu posso me qualificar?"
Respondeu o anjo, rispidamente:
"Nós é que decidimos o que qualifica. Você, não."
"Sim", eu disse.
Então, avaliei a situação por um momento, virei-me para o anjo e perguntei:
"Há uma máquina de escrever aqui que eu possa usar?"
O significado deste sonho foi claro para mim: o Céu era poder escrever, eu estava no Céu há mais de meio século e eu sempre soube disso.
www.goodreads.comIn: I, Asimov: A Memoir



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Um comentário:

MetalWe disse...

Parabéns!!
Espero que continue o excelente trabalho por muitos e muitos anos.

Vlw
Wellington