07 janeiro, 2015

Je suis Charlie

"Vivo sob a lei francesa. Não vivo sob a lei do Corão." – Stéphane Charbonnier

Com cerca de três décadas de história, a Charlie Hebdo sempre incomodou alguns grupos ao desafiar tabus e usar o escárnio e a sátira escrachada para expressar seu ponto de vista.
Em 2006, muitos muçulmanos se irritaram com o fato de a publicação ter reimpresso as charges do profeta, originalmente publicadas no jornal dinamarquês Jyllands-Posten. Na época, a polícia teve de ser mobilizada para proteger a redação.
Em 2011, a sede da revista foi atacada com uma bomba incendiária depois de ter publicado na capa uma charge de Maomé com a manchete "Charia Hebdo" – em referência à lei islâmica.
O editor-chefe da publicação, Stéphane Charbonnier, um dos 12 mortos no ataque terrorista perpetrado hoje (em que houve também 11 feridos), já havia recebido ameaças de morte e andava com guarda-costas há três anos.
"Ele desenhou primeiro"

10/01/2015 - Lembrando a irreverência de Wolinski
"Wolinski (um dos quatro cartunistas do Charlie Hebdo trucidados) dizia para a esposa que, quando morresse, queria que suas cinzas fossem atiradas no vaso sanitário. Assim, ele veria a bunda dela todos os dias. Espero que a viúva faça essa delicadeza." – Marco St.

13/01/2015 - O direito à blasfêmia
Edição do semanário satírico francês alvo de ataque de extremistas islâmicos na semana passada sairá dos tradicionais 60 mil para 3 milhões de exemplares nesta quarta-feira (14); segundo Richard Malka, advogado da publicação, revista será traduzida para 16 idiomas e trará charges de políticos, autoridades e, "obviamente", do profeta Maomé, cuja representação gráfica, considerada ofensiva pelos muçulmanos em qualquer aspecto, está na raiz do atentado contra a redação do jornal; para o colaborador da revista, o espírito do "Eu Sou Charlie" inclui o direito à blasfêmia.
Deu no jornal digital 247.

Um comentário:

Paulo Gurgel disse...

Transcrevo este comentário:
"Os cartunistas/jornalistas foram os únicos culpados por terem sido assassinados de forma bárbara."
Este parece ser o pensamento que está por trás do "je ne suis pas Charlie".
Para mim, essa visão é algo como justificar o estupro pela roupa que a menina usa. É transformar as vítimas em culpadas.
Nenhuma manifestação de pensamento justifica reação extremada de assassinato e terrorismo.
O respeito à lei deveria prevalecer em qualquer situação.
Alguém agiu fora da lei? O artista, intelectual, jornalista, cartunista..., seja quem for, ofendeu alguém?
Acione a justiça. Se o réu for considerado culpado, será punido.
Se não, paciência. O que você considera um crime pode ser uma simples manifestação legítima de pensamento. Mesmo que a pessoa que se sentiu ofendida considere como irreverência, deboche ou menosprezo pela suas idéias e/ou crenças.
Então, se existem meios legais para punir culpados, o assassinato por quem se sente ofendido é crime hediondo, por motivo fútil.
Fernando Gurgel, por e-mail