16 fevereiro, 2016

Ensaio para uma morte


Em 1940, pouco antes do lançamento do filme "They Knew What They Want" (no Brasil: "Não Cobiçarás a Mulher Alheia"), o agente de imprensa da atriz Carole Lombard, Russell Birdwell, procurou o cineasta para tratar do esquema de publicidade. Carole voaria para a estreia do filme em Nova Iorque, mas iria providenciar para que o avião descesse no percurso e a atriz fosse dada como desaparecida por 12 horas.
"Naquelas 12 horas, pessoal, vamos estar na primeira página de todos os jornais nos Estados Unidos da América", disse Birdwell. "Não só o nome de Carole Lombard, mas o nome do filme e o do cinema em que o filme vai estrear. E como você gostaria de pagar a fatura para esse tipo de publicidade?"
Birdwell planejou ainda que, eventualmente, Carole e o piloto poderiam vaguear numa floresta. Quando encontrados, explicariam que os motores e o rádio do avião haviam entrado em pane.
Em seu livro de memórias "Hollywood", de 1967, o cineasta Garson Kanin lembra que, naquela  reunião, Carole começou a esbofetear-se na coxa, gritando: "Eu vou morrer! Eu vou morrer! Não é alguma coisa? Eu vou morrer!"
O plano de Birdwell foi considerado seriamente, porém cancelado devido ao custo estimado. Dois anos mais tarde, Carole morreu em um acidente de avião em Nevada. "Eu podia ouvir a voz de Carole, o som de sua mão batendo na coxa, e sua voz gritando alegremente: "Eu vou morrer! Eu vou morrer!", escreveu Kanin. "Lembrei-me da ideia do falso acidente para a publicidade, de Russell Birdwell. E de que eu dessa vez estivesse diante de uma versão adiada do seu esquema. Não, Carole Lombard não podia estar morta aos 35 anos. Mas estava."

Rehearsal, Futility Closet

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